O crescimento da pós-graduação (e de bolsas de pesquisa) e o aumento da produção científica caminham juntos. Instituições públicas fazem a esmagadora maioria dessa produção. Conheça esse, outros dados e o contexto sobre o tema aqui.
O trabalho em que me baseio aqui é o “Pós-graduação stricto sensu e produção científica no Brasil” do consultor da câmara dos Deputados, Cristiano Aguiar Lopes. São dados de 2000 a 2017 e o recorte da produção acadêmica é o de periódicos indexados na Scopus.
Vamos lá!
Em 2000, o Brasil tinha 116 mil alunos de pós-graduação stricto sensu, em 2017 eram 313 mil discentes — um aumento de 170%.
No mesmo período, o número de bolsas de mestrado e doutorado distribuídas pela Capes saltou de 21.501 para 93.801 — um crescimento de 336%.
O número de pessoas alcançando a titulação de mestre e/ou de doutor anualmente registra crescimento de 215% durante esse período (2000/2017).
Nesses 17 anos, aumentamos nossa participação na produção científica mundial de 1,12% para 2,22% do total de artigos científicos publicados em periódicos da Scopus. Se saiu de 12.987 para 60.157 artigos por ano. Importante desenvolvimento da ciência nesses últimos anos.
Nas afiliações dos pesquisadores autores desses artigos se observa um predomínio absoluto de instituições públicas — 97,38% da produção científica brasileira em 2017 veio de instituição pública de pesquisa, contra apenas 2,62% produzidos por instituições privadas.
O crescimento da produção acadêmica é bastante ligado na literatura ao do PIB. É fato que o PIB brasileiro cresceu de forma parecida a da produção científica, mas esta é mais regular (10% ao ano), enquanto aquele tem picos.
A partir de 2012, o PIB brasileiro passou a encolher, sofrendo forte retração entre 2014 e 2015. Mas, nesse mesmo período, o número de publicações brasileiras indexadas no Scopus experimentou um forte aumento, a despeito das dificuldades econômicas enfrentadas pelo País.
Outro indicador é a medida do esforço fiscal de um país destinado a atividades de P&D. Em 2016, a média mundial foi de 2,23% do PIB para P&D, no Brasil foi de apenas 1,27%. Dentre as 10 maiores economias do mundo, o Brasil ocupou a última posição em investimento P&D.
Mesmo assim a produção científica brasileira se ampliou de maneira constante e intensa no século XXI. Por fim, se observa uma correlação entre o crescimento da pós-graduação brasileira e o aumento da participação nacional na produção científica mundial. Veja no gráfico.
Vale a pena a leitura completa do trabalho referência, ele entra em outros detalhes como participação feminina e detalhes acerva das áreas do conhecimento.