Foi publicado na McKinsey & Company um trabalho com novas evidências sobre os efeitos da pandemia na educação. Através de modelos estatísticos, se estimou o impacto da suspensão das aulas na aprendizagem dos estudantes. Pesquisa analisa os EUA, mas cabe para o Brasil também.
Nessa pesquisa, os modelos se basearam em estudos sobre a eficácia do aprendizado remoto em relação as aulas presenciais tradicionais. Vale dizer que a inatividade escolar não causa apenas perdas de aprendizado — ampliando desigualdades — ela também leva a evasão escolar.
Se realizam simulações para três tipos de alunos diferentes. Um que experimenta um ensino remoto de qualidade média, um que tem um ensino remoto de baixa qualidade e, por fim, um que não estariam recebendo nenhum tipo de instrução nesse período de suspensão das aulas.
Foram utilizados três cenários epidemiológicos diferentes. O 1° com aulas retornando nos próximos meses (outubro), o 2° havendo necessidade de intercalar e voltar plenamente só em janeiro de 2021 e 3° cenário com funcionamento remoto por mais de um ano (out 2021, por exemplo).
Como se pode ver na imagem acima, o grupo com ensino remoto de média qualidade continua a progredir, mas de forma mais lenta quando comparado com um estudante com aulas presenciais tradicionais. O grupo com ensino remoto de baixa qualidade tem uma estagnação no seu aprendizado.
Já os alunos que não estão recebendo instrução alguma tem perdas significativas em relação as conquistas de aprendizagem que tinham. Os retrocessos de aprendizagem são maiores quanto maior for o tempo de inatividade escolas, que o caso do cenário epidemiológico 3.
O quanto os alunos perdem durante a inatividade varia significativamente em função do acesso ao ensino remoto, a qualidade desse, o suporte doméstico e o grau de engajamento. O dilema é de que mesmo onde se oferta ensino remoto, os mais vulneráveis são menos alcançados.
A pesquisa aborda o impacto da inatividade escolar especificamente para os negros, hispânicos e alunos de baixa renda nos EUA (veja imagem abaixo). Bem possível fazer um paralelo com a realidade brasileira.
Há ainda simulações sobre os impactos econômicos das perdas de aprendizagem tanto na renda futura dos estudantes quanto no crescimento do PIB. Ambos levantamentos estão nas imagem abaixo.
Conclusões da pesquisa:
Os números são preocupantes — mas não são inevitáveis. Se os EUA (e o Brasil) agirem rápida e efetivamente, pode evitar os piores resultados. Mas se houver um atraso ou falta de compromisso, o COVID-19 vai agravar muito as desigualdades existentes.
Os autores defendem que é urgente intervir imediatamente para apoiar estudantes vulneráveis. Há de se pensar em infraestrutura para garantir ensino remoto de qualidade (notebook, banda larga, tablets). Fornecer formação e recursos aos professores para ampliar engajamento.
Combinação de aprendizado remoto e presencial será necessária, juntamente com uma compreensão clara de quais atividades devem ser priorizadas nas instruções em sala de aula, identificação dos alunos que mais precisam e ampliação da flexibilidade metodológica dos professores.