Ainda está difícil para pessoas de todos espectros políticos dimensionarem a crise educacional que vivemos e viveremos. No Brasil, assim como a maioria das experiências de ensino remoto tem enormes limites, o retorno das escolas tende a ser também marcado por improvisos e precárias condições sanitárias, infelizmente.
O debate sobre o retorno das escolas caiu na armadilha das comparações com shoppings e cinemas, não é por aí. O “time” importa muito, o rumo dos dados e notícias da pandemia condiciona as nossas subjetividades, nossos legítimos medos. Quanto mais a doença se espalha, mais as crianças ficam sem escola, ciclo vicioso da tragédia que precisa ser interrompido. A OMS indica que o índice (R) de contágio ideal para “sair do isolamento”, ou seja, pensar o retorno, é 0,5. Veja a situação dos estados brasileiros em 10/04/2020 na imagem abaixo.
Os contextos são diferentes nas regiões e municípios. Estou entre os que defendem priorizar o retorno assim que as condições mínimas existirem. Experiências internacionais são diversas, há recrudescimento de casos da doença em alguns lugares mediante a reabertura das escolas, contudo, na maioria dos países isso não ocorreu.
Nosso agravante é estar em um país cujo contágio ainda é alto, com um número expressivo de óbitos, com um governo que, além do negacionismo, demostra inúmeras dificuldades técnicas e políticas para conter minimamente a pandemia.
Temos uma parcela dos profissionais da educação no grupo de risco, esses devem permanecer em casa. O planejamento agora é fundamental, criar as condições. Há a expectativa de que a partir de março se observe certo declínio do contágio, tomara que isso se confirme. O advento da vacina, a ponto dela chegar ao grupo dos professores, que deve ser priorizado, não será tão rápido como alguns imaginavam. O desafio é tentar reabrir escolas em lugares em que a autoridade sanitária chancele e em que o cumprimento dos protocolos seja viabilizado.
Estamos diante de um debate super complexo, opinar sem falar com diretores, professores, funcionários de escolas é muito complicado. Os protocolos serão cumpridos por eles, os ouçam. Indague se há condições de cumprir o solicitado naquela cidade, naquela escola. Há recursos?
Há lugares em que se pode tentar o retorno parcial e outros em que isso é impensável. Não existe solução única, receita pronta. As crianças precisam da escola, identificado que a volta não implica em riscos a saúde da comunidade, isso deve ocorrer. Quem mede isso? E como? Eis a importância do trabalho sério e técnico do gestor público local e regional.
Ao mesmo tempo, não sou daqueles que idealizam a quarentena, a população mais pobre (mais punida pelo fechamento das escolas), não consegue ter uma rotina de proteção ao vírus como a classe média. Há cenários em que a escola pode representar proteção se os devidos cuidados forem tomados e revezamentos coordenados. Análise das condições concretas, planejamento e humildade para voltar atrás se for o caso, é o que precisamos.
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