A alfabetização no ensino remoto

Tem criança se alfabetizando em casa? Conhece alguém que tenha? É muito complexo alfabetizar né? Mesmo com as atividades vindas da escola, o desafio é grande. Vou dar algumas dicas nesse breve texto para facilitar o processo, espero que ajude, em especial enquanto estivermos no ensino remoto ou híbrido.

Consciência fonológica é tudo no início. A criança precisa relacionar o grafema com o fonema (entender que aquela letra representa um som). Isso deve ser ensinado de forma explícita, garantindo que a criança veja e ouça com clareza. Vá do mais simples ao mais complexo. Como?

Comece com as letras fricativas, que sempre se pronunciam da mesma forma (V, F, S). Depois passe para grafemas mais complexos (on, in, dentro das palavras) e mais raros (x). Desde o início, dê atenção às vogais como as “letras mágicas”, que são necessárias para formar as sílabas e as palavras.

Você pode salientar a presença de uma sílaba dentro das palavras colorindo-a e utilizando-a para formar outras palavras. No momento em que a criança entender que V e I forma “vi”, ela está iniciando a decodificação. Esse início requer esforço e prática, por isso é tão difícil.

Entender que a “roupa” do som ‘Kã’ é o “c”, quando ele for acompanhado de a, o ou u, e que a “roupa” do som ‘s..” também pode ser o “c”, quando acompanhado de e e i, não é simples. Reitere a relação do som com a letra muitas vezes, vá formando sílabas e palavras pequenas.

Nem sempre o nome da letra representa o som dela. É o caso que vimos acima do “C”, do “G”, por isso é importante o foco no “som” que ela representa. Na medida que a criança for avançando, pode ser apresentada a letra maiúscula e a minúscula, para que ela identifique distinções.

Aprender a andar e a falar é espontâneo, ler e escrever não. Trata-se de uma invenção cultural única, de um código que precisa ser quebrado (não é espontâneo e não depende da “inteligência”). Nosso cérebro se transforma ao aprender a ler e escrever, a forma como escutamos se modifica.

A leitura precisa e fluente requer automatização da decodificação do código escrito, esse momento da vida dos estudantes é fundamental. Quanto mais veloz se decodifica, melhor a criança ingressa no âmbito ortográfico e da compreensão. Essas são condições sequenciais.

Claro que tudo isso deve ser feito de forma lúdica, com base em atividades divertidas feitas em ambiente amigável e afetuoso. Do contrário, nada feito. Há um aplicativo para celular para ajudar nesse processo, o GraphoGame Brasil, baixe.

Referências

DEHAENE, Stanislas. Os neurônios da leitura – como a ciência explica a nossa capacidade de ler. Porto Alegre: Penso, 2012.

Alfabetização no Século XXI: Como se Aprende a Ler e a Escrever. De Maria Regina Maluf et al.

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