Dia mundial da educação

Hoje é o dia mundial da educação. A data foi instituída por líderes de 164 países – incluindo o Brasil – na cidade de Dakar, no Senegal, durante o Fórum Mundial de Educação. Ela simboliza o compromisso dessas nações com o desenvolvimento da educação até 2030.

Gostaria muito de trazer palavras inspiradoras e de esperança. Porém, é impossível não usar do recurso da denúncia ao refletirmos sobre educação hoje em dia, ainda que os anúncios sejam urgentes.

Nosso país tomou caminhos políticos muito equivocados no último período. A educação é das áreas mais lesadas. Entre 2015 e 2020, os recursos do ministério da educação caíram 11% em termos reais mesmo com o crescimento vegetativo da folha de pagamento do ministério que tem a metade de todos servidores civis ativos da União. Em função da pandemia devemos ter mais de 5 milhões de crianças e jovens em idade escolas fora da escola nesse momento.

O teto de gastos (Emenda Constituição 95/2016) e outras regras fiscais vêm contribuindo para o constrangimento dos recursos da educação e de várias outras aéreas. Muito se alertou sobre isso em 2016, mas se constitucionalizou um torniquete que asfixia o potencial do estado de investir. Dizia-se que dali viria o crescimento econômico, a confiança, que o gasto seria racionalizado, nada disso ocorreu. Na educação, tudo que envolve custeio e investimento vem sendo cortado de forma a desidratar o potencial das universidades federais e toda ciência nelas produzida, dos institutos federais que são o exemplo melhor acabado de que outro ensino médio é possível, desde que haja investimentos, salário e carreira digna.

Observa-se também um abandono da educação básica (saiu de R$ 34,4 bilhões em 2015 para R$ 27,2 bilhões em 2020). Mesmo diante de mais recursos via Fundeb, se perdeu muito pela via dos recursos dos programas do FNDE e de outras fontes. Mais recentemente, a educação se tornou trincheira de uma guerra cultural ensandecida que arrebatou corações de pessoas que precisavam de uma explicação simplória para confortar sua ignorância e sua desesperança.

Os moinhos de vento da doutrinação e da ‘sexualização’ na educação se tornam as grandes culpadas por todos nosso males como sociedade. Bodes expiatórios, obscurantismo e muito desrespeito passaram a fazer parte do debate educacional do país. Um governo alinhado com esses delírios venceu a eleição e vem há dois anos e quatro meses promovendo um fiasco após o outro. São fiascos programáticos, técnicos e políticos (coordenação federativa inexistente).

Muito terá de ser feito para consertar a bagunça que está sendo feita, há ainda um ano e meio de redução de danos pela frente. Felizmente existem experiência municipais (Teresina) e estaduais (MA, CE) que nos animam, que mostram caminhos. O anúncio que quero deixar nesse dia mundial da educação é de que há muitos consensos possível na educação, há agendas pródigas e bem delineadas que podem ser plataformas das eleições ano que vem, de diferentes candidatos.

Além de dar acabamento para essas agendas, do ponto de vista de nossa ação política, é fundamental fazer com que todos entendam que o governo que aí está só legará destruição e descalabro na educação. É inacreditável que se cogite ter alguém como Bolsonaro novamente em um segundo turno, lutemos de todas as formas para que isso não ocorra, independente de quem você apoia politicamente.

Please follow and like us: